Às vésperas de ser denunciado pela Procuradoria geral da República por tentativa de Golpe de Estado e Abolição do Estado Democrático de Direito, o ex-presidente Jair Bolsonaro voltou a atacar o TSE, a segurança das urnas eletrônicas e o ministro Alexandre de Moraes (STF).
Em live com brasileiros residentes nos Estados Unidos e ainda não deportados por Trump, Bolsonaro declarou, mais uma vez sem apresentar qualquer prova, que o TSE usou recursos internacionais para fazer campanha pelo voto de adolescentes de 16 a 18 anos. Segundo o ex-presidente, essa campanha teria rendido dois milhões de votos para o presidente Lula.
Na mesma live, ele chamou Alexandre de Moraes de Parcial e acusou o ministro de não fornecer à sua defesa acesso total ao inquérito que investiga a tentativa de golpe. Na manhã desta segunda (17), Moraes respondeu à defesa de Bolsonaro, alegando que, há quase um ano (19 de fevereiro de 2024), os advogados dele têm acesso integral ao inquérito.
O movimento de reação de Bolsonaro contra a Justiça é feito em várias frentes de forma coordenada. No Congresso, parlamentares bolsonaristas tentam avançar com dois projetos que beneficiam o ex-presidente. O primeiro, prevê anistia a todos os golpistas condenados pelo ataque de 8 de janeiro de 2023. O outro propõe reduzir de 8 para 2 anos a inelegibilidade de Bolsonaro.
Paralelo a isso, grupos bolsonaristas de todo Brasil preparam uma série de manifestações pelo Impeachment de Lula. A campanha é turbinada pela queda de o presidente, conforme atestam pesquisas divulgadas nas últimas semanas pelos institutos Quaest, Datafolha, Atlas Intel e Ipec. Bolsonaro pessoalmente passou a promover a mobilização pelo impeachment e contou até com a colaboração externa do trilionário Elon Musk, que fez coro pelo afastamento de Lula em um post feito na última sexta (14) em sua rede social X (ex-Twitter).
Em Brasília, a expectativa é que a denuncia contra Bolsonaro e outras 39 pessoas ligadas diretamente a ele – incluindo militares de alta patente, como generais e almirantes - por tentativa de Golpe de Estado seja apresentada pelo PGR Paulo Gonet antes do Carnaval.