O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) defendeu que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), alvo de operação da Polícia Federal (PF), nesta quinta-feira (8), tenha presunção de inocência no processo. “Eu não quero fazer julgamento do que pode acontecer na Justiça brasileira”, afirmou Lula em entrevista à Rádio Itatiaia. “O que eu quero é que o Bolsonaro tenha a presunção de inocência, que eu não tive. O que eu quero é que seja investigado e que seja apurado. Quem tiver responsabilidade pelos seus erros, que pague pelos seus erros”, acrescentou.
Sobre o cumprimento de mandados contra Valdemar Costa Neto, Augusto Heleno, Anderson Torres e Walter Braga Netto, entre outros aliados de Bolsonaro, Lula disse que não podia comentar muito. “Eu sinceramente não tenho muitas condições de falar sobre uma ação da Polícia Federal porque isso é uma coisa sigilosa, é uma coisa da polícia, é uma coisa da Justiça, e não cabe ao presidente da República ficar dando palpite em uma atuação dessa”, afirmou o petista.
“Eu espero que a Polícia Federal faça a coisa do jeito mais democrático possível, que não haja nenhum abuso, que faça aquilo que a Justiça determinou que faça, e depois apresente para a sociedade o resultado daquilo que eles encontraram”, acrescentou.
Jair Bolsonaro é um dos alvos da Operação Tempus Veritatis (“A Hora da Verdade”), que investiga a participação do ex-presidente, ex-ministros e ex-assessores dele por tentar dar um golpe de Estado no país e invalidar as eleições de 2022, vencidas pelo atual Lula. Nesta manhã, foram presos o ex-assessor especial de Bolsonaro, Filipe Martins; e Marcelo Câmara, coronel do Exército citado em investigações como a dos presentes oficiais vendidos pela gestão Bolsonaro e a das supostas fraudes nos cartões de vacina da família Bolsonaro. Há mandados de prisão também contra Rafael Martins, major das Forças Especiais do Exército; e Bernardo Romão Corrêa Netto, coronel do Exército.
Questionado se a investigação levaria à participação de Bolsonaro na suposta tentativa de golpe, Lula evitou ser taxativo, mas disse acreditar no envolvimento do ex-presidente. “Eu não sei, eu acho que [a tentativa de golpe] não teria acontecido sem ele [Bolsonaro]”.
“Nós queremos saber quem é que financiou, queremos saber quem é que pagou, quem é que financiava aqueles acampamentos, sabe, para que a gente nunca mais permita que aconteça o ato que aconteceu no dia 8 de janeiro”, detalhou o chefe do Executivo.