O Irã escreveu para o órgão de vigilância nuclear da Organização das Nações Unidas (ONU) para reclamar de ameaças israelenses de atacar suas instalações de energia atômica, disse o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores iraniano Esmaeil Baghaei, em uma entrevista coletiva semanal nesta segunda-feira (21).
Israel prometeu atacar o Irã em retaliação a uma saraivada de mísseis iranianos em 1º de outubro, provocando especulações generalizadas de que as instalações nucleares iranianas poderiam estar entre os alvos.
“Ameaças de ataque a instalações nucleares são contra as resoluções da ONU (…) e são condenadas. Enviamos uma carta sobre isso para (…) o órgão de vigilância nuclear da ONU”, disse o porta-voz do ministério, Esmaeil Baghaei, em entrevista coletiva transmitida pela televisão.
Na semana passada, o gabinete do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, disse que Israel ouvirá o seu principal aliado, os Estados Unidos, em relação à resposta ao ataque com mísseis do Irã, mas decidirá suas ações de acordo com seus próprios interesses nacionais.
Sua declaração foi anexada a um artigo do Washington Post que dizia que Netanyahu havia dito ao governo do presidente norte-americano, Joe Biden, que Israel atacaria alvos militares iranianos, não instalações nucleares ou petrolíferas.
Em resposta a uma pergunta sobre a possibilidade de o Irã mudar sua doutrina nuclear oficial, o porta-voz Baghaei disse que “armas de destruição em massa não têm lugar em nossa política”. Teerã decidirá como e quando responder a qualquer ataque israelense.
O Irã tem negado repetidamente as acusações ocidentais de que tem buscado secretamente desenvolver bombas nucleares, violando seu compromisso com o Tratado de Não Proliferação global.
Separadamente, Baghaei disse que o ministro das Relações Exteriores, Abbas Araqchi, viajará para o Barein e o Kuwait nesta segunda-feira como parte dos esforços iranianos para reduzir tensões regionais.
O Irã disparou dezenas de mísseis contra Israel em retaliação aos ataques israelenses contra seus aliados Hezbollah, no Líbano, e Hamas, na Faixa de Gaza — o segundo ataque de mísseis iranianos contra Israel neste ano.
Israel respondeu ao primeiro disparo de mísseis em abril com um ataque aéreo a uma localização de defesa aérea na região central do Irã.