A Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou estado de emergência de saúde pública de importância internacional (ESPII), o nível mais alto da organização, para a doença Mpox. O diretor da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, anunciou a decisão do Comitê de Emergência convocado por ele na manhã desta quarta-feira (14).
“Eu decidi seguir a recomendação do comitê e declarar emergência (…) A detecção de um novo clado de Mpox na República Democrática do Congo (RDC) e o potencial de maior disseminação na África além é um grande alerta”, disse o diretor-geral em coletiva de imprensa na tarde de hoje.
De acordo com a descrição da OMS, a ESPII é decretada quando ocorre “um evento extraordinário que é determinado como um risco à saúde pública de outros países por meio da disseminação internacional de doenças e que potencialmente exige uma resposta internacional coordenada”.
Segundo a organização, isso significa que a situação é grave, repentina, incomum ou inesperada. O comunicado também indica que podem acontecer problemas de saúde que ultrapassem as fronteiras do país afetado inicialmente.
Mpox
Um surto inédito de Mpox aconteceu há cerca de dois anos e, após isso, os registros de casos da doença sofreram uma queda. Contudo, o vírus seguiu circulando, em especial na República Democrática do Congo (RDC) e em outros locais onde a Mpox já era considerada uma endemia. Uma nova linhagem de vírus identificada na RDC, que registrou mais de 14 mil infectados e 524 mortos apenas neste ano.
O vírus Mpox possui duas linhagens: Clado 1 e Clado 2. No caso da propagação da doença ocorrida em 2022, o Clado 2, o mais brando, que foi se espalhando. Contudo, no final de 2023, uma versão mais perigosa do Clado 1 foi identificada. A nova forma da doença, Clado 1b, poder ser 10 vezes a do Clado 2.
A Clado 1b, responsável pela nova alta dos casos, pode ser transmitida sexualmente. Em seis meses, o número de confirmações da Mpox já superou todo o ano de 2023, se alastrando também para lugares onde a doença ainda não havia chegado.
Além do Clado 1b, o Clado 2 também segue sendo amplamente disseminado. “Não estamos lidando com um surto de um clado, estamos lidando com vários surtos de diferentes clados em diferentes países, com diferentes modos de transmissão e diferentes níveis de risco”, informou o diretor-geral.
Situação do Brasil
Segundo o Ministério da Saúde, o Brasil já teve 709 casos confirmados ou prováveis até o momento. Em nota emitida nesta quarta-feira (14), a pasta informou que está acompanhando permanentemente as evidências científicas em todo o mundo “de forma a subsidiar as recomendações e ações necessárias no território brasileiro”.
Dentre os 16 especialistas que participaram do Comitê de Emergência como membros ou conselheiros, dois são brasileiros: a coordenadora do Laboratório de Biologia Molecular de Vírus da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Clarissa Damaso, e o pesquisador do Centro de Integração de Dados e Conhecimentos para Saúde da Fundação Oswaldo Cruz (Cidacs/Fiocruz) Eduardo Hage Carmo.