Dez dias após a Acelen anunciar aumento no preço médio da gasolina nos postos de combustíveis em Salvador, a capital baiana registrou um aumento de R$ 0,22 no preço médio do litro da gasolina – uma alta de 3,70%. A variação é maior do que o registrado em nível nacional, que foi de 2%.
Segundo o último levantamento da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), divulgado nesta quarta-feira, 18, Salvador registrou, na semana de 7 a 13 de julho, um preço médio de R$ 6,15 nos postos de combustíveis. Isso representa uma alta de 3,70% em comparação com a semana anterior, que fixou um valor médio de R$ 5,93.
A alta é registrada dez dias após a Acelen, empresa responsável pela Refinaria Mataripe, anunciar um aumento de R$ 0,70 nos postos de combustíveis da capital baiana. O anúncio foi recebido com susto pelos moradores de Salvador, que esperam impacto direto nos serviços como corridas para táxis e aplicativos de transporte. No mesmo dia, 8 de julho, a Petrobras anunciou um aumento de 7,11% no preço da gasolina para as distribuidoras – uma alta de R$ 0,20, chegando a R$ 3,01 por litro
De acordo com o economista Antônio Carvalho, essa diferença entre o aumento registrado em Salvador e o que foi apresentado em todo o território nacional, está atribuída à forma em que a distribuição de combustível é feita no estado. Desde 2021, a refinaria de Mataripe, antiga Refinaria Landulpho Alves, é administrada pela empresa privada Acelen, que aplica política de preços internacional e baseada no câmbio comercial. O sistema usado pela empresa é a do Programa de Parcerias para Investimentos (PPI), que era usado pela Petrobras até 2023.
“A Acelen continua usando o PPI, que segue o mercado internacional e usa o dólar como parâmetro para a política de preços. Como o dólar teve uma variação negativa nos últimos anos, isso interfere negativamente para o aumento do preço do combustível que é distribuído exclusivamente pela Acelen”, diz o especialista em Finanças Corporativas.
Em Salvador, a gasolina apresentou uma queda de 0,32% em junho de 2024, ficando 0,32 p.p abaixo da variação nacional. Entretanto, os dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), divulgados nesta quarta-feira, 10, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostram que a acumulada no ano apresentou uma alta de 8,09%, enquanto a variação acumulada em 12 meses foi registrada em 17,49%.
O preço médio do diesel nos postos de combustíveis em Salvador também aumentou, e registrou uma alta de 2,20% entre a semana do dia 7 a 13 de julho em comparação com a semana anterior.
Apesar de não possuírem as mesmas política de preços, os reajustes promovidos pela Petrobras e a Acelen ainda resultam em um conjunto de impactos para todos os soteropolitanos. E a medida está também presente nos postos de combustíveis.
“É natural que as capitais, como Salvador, que possuem maior número de distribuidoras, pratiquem preços em conluio. Ou seja, o reajuste tem um efeito cascata, então o preço que aumenta em um posto, também aumenta em outro. Quando a Petrobras aumenta, apesar de não afetar o custo do combustível na Bahia, isso impacta em outros itens como a mão de obra do segmento de petróleo e o custo de operação”, finaliza Antônio Carvalho.
Fonte: A Tarde