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    LADISLAU DOS SANTOS TITARA, O INTELECTUAL E HERÓI PARDO DO BRASIL

    O Hino ao Dois de Julho, de autoria de Ladislau dos Santos Titara, completa 200 anos nesse ano de 2024. Desde 20 de abril de 2010, com a Lei nº 11.901, que o Hino ao Dois de Julho tornou-se o hino oficial do Estado da Bahia. Titara foi um voluntário civil que se tornou soldado por contingência do destino e também foi um dos mais importantes intelectuais mestiços de sua época. Apesar de sua importância histórica, é um personagem pouco conhecido na sociedade baiana. Santos Titara, como também é conhecido, participou da Batalha de Pirajá em Salvador e nos legou um importante documento a respeito da guerra, testemunha ocular da atuação da população do Recôncavo e do interior da Província da Bahia na consolidação da Independência do Brasil. Seu poema Paraguassu é uma importante fonte a ser dialogada por não fazer parte das fontes oficiais e ser fruto do olhar de um sujeito representante dos segmentos populares que foram imprescindíveis no desenrolar dos combates para a expulsão dos lusitanos do Brasil.

     

    A comemoração do Dois de julho esse ano também completa 200 anos, pois a primeira vez que se celebrou a expulsão dos portugueses da Bahia foi no 2 de julho de 1824 em Salvador, mas a celebração com o Fogo Simbólico na Bahia teve início no 2 de julho de 1959. O Fogo Simbólico do Dois de Julho foi inspirado na Corrida de Revezamento do Fogo Simbólico da Pátria criada em 1938, em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul.

     

    O Dois de Julho é a data magna da Bahia, e para que possamos ter a devida compreensão da participação popular nesse processo é necessário conhecer a história da guerra da Independência da Bahia, que tem seu ponto alto no glorioso dia Dois de Julho de 1823. Um dos principais caminhos para entendermos essa participação popular, na emancipação política do Brasil, é a partir da obra de Ladislau dos Santos Titara. Mas nesse artigo não vamos discutir sua obra, vamos sim imergir na sua biografia e na saga de sua família.

     

    Ladislau dos Santos Titara nasceu em 24 de maio de 1801, na localidade denominada pelos indígenas Tupinambás de Capuame ou Capoame cujo significado é “no mato em pé”, “mato que se isola no campo”, “na mouteira” ou “tufo de mato e vegetação”. A povoação de Capuame, no século XVII, passou a sediar a primeira e por séculos a maior feira de gado das Américas portuguesa e espanhola. Esse status durou até meados do século XIX. A Feira Velha, como passou a ser denominada quando foi substituída pela Feira de Santana, é a sede do município de Dias D’Ávila no Recôncavo Norte da Bahia na Região Metropolitana de Salvador.

    Ladislão foi a grafia do nome de batismo que o menino de um mês de vida recebeu no dia 24 de junho de 1801 na pia batismal da Igreja Matriz da Freguesia do Senhor do Bonfim da Mata de São João, sendo seu padrinho o tenente Antonio Fogaça de Mendonça, que também se tornaria um dos combatentes da guerra pela Independência da Bahia, e como madrinha dona Maria Eugenia, prima e esposa de seu pai de quem já tinha dois filhos, João Gualberto e Antônio Ferreira dos Santos Reis.

    Ladislau do Espírito Santo Cesar de Mello era filho natural do advogado da Correição da Comarca da Bahia e professor de primeiras letras de Mata de São João Manuel Ferreira dos Santos Reis, um homem branco pertencente à elite colonial e da negra escravizada Isidoria Maria, com quem o advogado ainda gerou outros dois filhos naturais, Manuel e Estanislau Cesar de Mello.

    Os filhos do advogado e professor Manuel Ferreira dos Santos Reis, tanto os legítimos como os naturais, receberam do próprio pai a instrução primaria. A mãe de Ladislau do Espírito Santo Cesar de Mello, Isidoria Maria Ramos, nasceu por volta de 1782 e morreu, aos 25 anos, no dia 17 de fevereiro de 1807, recebendo os sacramentos da extrema-unção, o que denota que Isidoria Maria se encontrava doente, sendo sepultada em hábito branco no adro da Matriz do Senhor do Bomfim da Mata de São João.

    Isidoria Maria Ramos era serva do negociante e proprietário de terras em Mata de São João, Antonio Lopes da Silva, um colono português natural de Barcellos e de sua mulher Mariana Ferreira de Souza, filha natural de Theodozia Victoria e de Antonio Ferreira Malheiro, o mesmo que, após a expulsão dos jesuítas da Capitania da Bahia, adquiriu em hasta pública as terras da Feira do Capuame em 1762.

    Ladislau do Espírito Santo Cesar de Mello foi criado em Mata de São João, depois de ter concluído o curso de primeiras letras na Freguesia de Mata de São João, onde residia com sua família. Ele finalizou os estudos preparatórios, uma espécie de ensino médio, na Cidade do Salvador com o médico, filósofo, matemático e professor Antonio Ferreira França.

    Em 1820, no Rio de Janeiro, Ladislau do Espírito Santo Cesar de Mello foi agraciado com uma pensão (uma espécie de bolsa de estudos) para estudar medicina durante o período de oito anos na Universidade de Coimbra, em Portugal. De acordo com a Revista Trimensal do Instituto Histórico Geographico e Ethnographico do Brasil de 1861, Ladislau não pôde apresentar-se na universidade porque o navio que embarcou na Província do Rio de Janeiro fez escala na Bahia e, quando ficou ancorado na Cidade do Salvador, teve início, no dia 7 de novembro de 1821, um conflito entre soldados portugueses e brasileiros na Praça da Piedade do qual se registrou muitos mortos e feridos. A população da capital, temerosa com os acontecimentos, buscou refúgio no Recôncavo e ele regressou para Mata de São João.

    Depois de ter ocorrido novos conflitos em fevereiro de 1822 na Cidade do Salvador, que resultou na debandada da tropa de militares e paisanos baianos para o Recôncavo Norte, Ladislau do Espírito Santo Cesar de Mello foi voluntário paisano, ou seja, atuou como voluntario civil na secretaria do tenente-coronel Joaquim Pires de Carvalho e Albuquerque. Nesse período, como exacerbação dos sentimentos de pertencimento e expressão do nativismo brasileiro, muitos jovens militares e paisanos, que estavam envolvidos com a emancipação política do Brasil, abdicaram de seus sobrenomes de origem lusitana e adotaram nomes e sobrenomes de origem indígena.

    Nesse período foram criados nomes e sobrenomes como o de Francisco Gê Acayaba de Montezuma cujo nome de batismo era Francisco Gomes Brandão. A escolha do seu novo nome se deu em homenagem ao imperador asteca Montezuma, que reinou no território mexicano no século XVI. A palavra “gê”, que é escrita com a letra “j”, ou seja, “jê” refere-se aos indígenas brasileiros do tronco linguístico Macro Jê e Acayaba é uma palavra do tronco linguístico Tupi, que se refere a uma árvore popularmente conhecida como cajazeira. Nesse contexto histórico Ladislau do Espírito Santo César de Mello tornou-se Ladislau dos Santos Titara cuja palavra de origem tupi nos remete a uma palmeira, que é conhecida como “jacitara”.

    O meio-irmão de Ladislau dos Santos Titara, o poeta e professor de língua latina Antônio Ferreira dos Santos Reis, tornou-se Antônio Ferreira dos Santos Capiranga assim como seu sobrinho de prenome João, que também adotou a palavra Capiranga como sobrenome. A palavra “capiranga” é de origem tupi que significa “folha vermelha”.

    Por fim, seus sobrinhos, Henrique e Thomaz Teixeira dos Santos respectivamente, adotaram como sobrenome a palavra de origem tupi “Imbassay” cujo significado é “caminho do rio”. Em meados do século XX esse sobrenome foi herdado por Antônio José Imbassay da Silva, engenheiro eletricista, político e ex-prefeito de Salvador descendente direto do professor de filosofia, Henrique Teixeira dos Santos Imbassay, Henrique, por sua vez, era filho do poeta e professor de língua latina, João Gualberto Ferreira dos Santos Reis, que também atuou nas lutas pela independência. Apesar de terem se tornado sobrenomes distintos, Titara, Capiranga e Imbassahy têm suas origens nos descendentes do advogado e professor de primeiras letras Manuel Ferreira dos Santos Reis.

    Também descende do professor João Gualberto Ferreira dos Santos Reis, a mestra carioca, Carla Reis Abreu Ellis, professora e doutora em ensino superior radicada nos Estados Unidos e associada à Ashland University. Sua ascendência materna provém da família Ferreira dos Santos Reis e a linhagem paterna das famílias Castro e Abreu e Pereira Franco. Essa última família também possui uma história de efetiva participação nas lutas pela consolidação da Independência do Brasil.

    Diego de Jesus Copque – diegokopke@gmail.com é professor, historiador, pesquisador da história da Bahia, sócio efetivo do Instituto Geográfico e Histórico da Bahia e autor dos livros Do Joanes ao Jacuípe: uma história de muitas querelas, tensões e disputas locais e A presença do Recôncavo Norte da Bahia na consolidação da Independência do Brasil. 

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