Após reunião de líderes, na última terça-feira (18), o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), recuou e anunciou que o PL do Aborto somente será discutido a partir do segundo semestre, depois do recesso parlamentar. Entretanto, segundo o entorno do deputado, é provável que ele sequer volte a colocar o projeto de lei em votação.
Após a aprovação do regime de urgência do projeto, o PL teve forte repercussão negativa na sociedade, sendo alvo de protestos nas ruas e críticas em massa nas redes sociais, na imprensa e dentro do próprio Congresso. Tudo isso fez o presidente da Câmara voltar atrás.
Por outro lado, em quase 4 anos como presidente da casa, Arthur Lira conseguiu emplacar vitórias acachapantes. O portal The Intercept fez um levantamento das vezes em que o deputado alagoano atingiu os objetivos que pretendia.
Em novembro de 2021, o então deputado federal pelo extinto PSL, Delegado Waldir, apoiador do ex-presidente Jair Bolsonaro, revelou ao The Intercept Brasil que o governo realizou “compra de votos” para conseguir apoios no Congresso. Segundo ele, teriam sido oferecidos R$ 10 milhões para que parlamentares elegessem Arthur Lira presidente da Câmara.
Em julho de 2022, em uma sessão tarde da noite da Câmara dos Deputados, o presidente da Câmara aprovou projetos que permitiram Bolsonaro, na época presidente da república, distribuir verbas públicas em ano eleitoral. A manobra fez parte de uma tentativa de salvar o resultado das eleições de 2022, de forma a beneficiar Bolsonaro.
Já em abril deste ano, Lira engavetou o PL das Fake News alegando que texto foi alvo de narrativas de propor censura e violação da liberdade de expressão, o que prejudica sua análise, e também de falta de consenso, e anunciou a criação de um grupo técnico de trabalho para discutir a matéria. Dias antes, o bilionário Elon Musk, dono da rede social X, antigo Twitter, idolatrado pelos bolsonaristas, fez uma série de postagens com ataques ao ministro Alexandre de Moraes e ao Supremo Tribunal Federal (STF).