Com a suspensão de obras públicas decretada pelo novo presidente da Argentina, Javier Milei, uma das maiores empreiteiras do país ficou com o caixa zerado e teve de pedir uma espécie de trégua aos credores. Além disso, culpou Milei pela crise. As informações são do G1.
O presidente argentino está no cargo há apenas 61 dias, mas a Cia Latinoamericana de Infraestructura y Servicios (Clisa) diz que a decisão dele de reduzir os gastos do governo em obras públicas, combinada com a maxidesvalorização do peso que promoveu logo após assumir o governo, já está afetando seu negócio.
É por isso que a Clisa, gigante que atua na gestão de resíduos, construção e transporte na Argentina, está pedindo que investidores que detém seus títulos de dívida aceitem mais papéis do gênero em vez de dólares como pagamento de juros sobre US$ 343 milhões (R$ 1,7 bilhão) com vencimento em 2027.
É uma medida que analistas e agências de classificação de risco classificam como equivalente a um calote e prenunciam mais problemas pela frente.
A crise na Clisa, uma subsidiária importante do conglomerado Grupo Roggio, que tem 115 anos de existência, começa a lançar luz sobre a tensão crescente entre o setor empresarial e Milei.
Nos últimos dias, o presidente sofreu um duro golpe no Congresso quando um projeto de lei sublinhando sua “terapia de choque” para reformar a economia argentina voltou à estaca zero no Legislativo.
O destino do plano de ajuste fiscal de Milei é incerto com sua derrota inicial no Congresso. Mesmo assim, Paula La Greca, analista de crédito corporativo da TPCG Valores em Buenos Aires, avalia que a decisão da Clisa de pedir clemência aos detentores de títulos foi lógica depois de adiar o pagamento de juros de US$ 10,7 milhões sobre as notas com vencimento em 25 de janeiro.