A dentista Hellen Kacia Matias da Silva realizava procedimentos estéticos na cidade de Goiânia, em Goiás, e acabou presa pela Polícia Civil após deformar pacientes. Os procedimentos só poderiam ser realizados por médicos cirurgiões plásticos.
O mandado de prisão preventiva foi cumprido nesta terça-feira (30), juntamente com outros quatro mandados de busca e apreensão em endereços ligados à investigada. Em nota, o Conselho Regional de Odontologia informou que “medidas administrativas pertinentes estão sendo tomadas, obedecendo o devido sigilo aplicável ao caso”.
Ao G1, a delegada Débora Melo, responsável pela investigação, disse que no celular usado pela profissional para falar com pacientes, foram encontradas mais de 30 reclamações de consumidores insatisfeitos com os resultados dos procedimentos.
Exercício ilegal da medicina
A dentista começou a ser investigada em setembro de 2023 por suspeita de fazer procedimentos estéticos expressamente proibidos pelo Conselho Federal de Odontologia e que só podem ser realizados por médicos. Entre eles estão: a redução do nariz (alectomia), retirada de pele excessiva dos olhos (blefaroplastia), lipo de papada (face lifting) e outros.
De acordo com a delegada, as cirurgias plásticas eram anunciadas nas redes sociais que tem mais de 650 mil seguidores, por valores abaixo do mercado, atingindo uma ampla gama de pessoas. A dentista ainda ministrava cursos para que outros profissionais da saúde executassem os procedimentos sob sua “supervisão”.
“Ou seja, além de promoverem procedimentos que não são autorizados, elas ainda têm ensinado outros profissionais a realizarem os mesmos procedimentos”, acrescentou a delegada.
Pacientes deformados
No celular usado para falar com os pacientes, os policiais encontraram vários clientes de Hellen que ficaram com rostos deformados após a realização de cirurgias com a profissional e/ou com seus “alunos”. Em conversas divulgadas pela polícia, pacientes reclamam de inflamações, cicatrizes e assimetria nos resultados.
Foram colhidas declarações de 13 vítimas bem como depoimentos de ex-funcionários do instituto.
“A análise desse celular e dos prontuários dos pacientes indicou o cometimento desses crimes contra pessoas muitas vezes humildes, que juntavam dinheiro para fazer uma cirurgia estética, que não tinham conhecimento que a profissional não tinha atribuição e que ficaram deformadas”, afirmou a delegada.
Ainda segundo a delegada, há vítimas de Hellen nos estados de Goiás e São Paulo, pois a profissional viaja para realizar procedimentos e também ministrar cursos.
“O que chamou atenção é que não havia nenhum registro de ocorrência antes, foi só depois da análise do celular que nós vimos mais de 30, 40 pessoas que reclamavam dos resultados das cirurgias”, detalhou Débora.
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